Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br
O
peixe é pequeno, medindo não mais de 10 centímetros, o Ituglanis boticario chama atenção pelos seus grandes bigodes
alongados. A cor é de um rosa claríssimo, quase transparente, porque possui
pouca pigmentação. O peixe, descoberto recentemente numa gruta em Mambaí, a 500
km de Goiânia, pertence à família dos Ituglanis, que vivem apenas em cavernas.
A
nova espécie foi identificada por pesquisadores da Universidade Federal de São
Carlos e da Universidade de São Paulo. O peixe foi descrito oficialmente em
artigo publicado na revista da Sociedade Brasileira de Zoologia (DOWNLOAD DO ARTIGO).
A
região de Tarimba, no interior de Goiás, já era conhecida como um hotspot de fauna subterrânea
brasileira. Isso significa que a área concentra alto nível de biodiversidade,
principalmente endêmica (que tem como habitat exclusivo aquele lugar).
Uma
das principais características do Ituglanis
boticario é a presença de odontoides, pequenos dentes bem desenvolvidos
localizados próximos às brânquias e utilizados para a fixação do animal,
evitando que seja levado em correntezas.
Diferente
de outros peixes, que vivem entocados, a espécie goiana está sempre em
atividade. "Isso acontece por terem menos alimento dentro das cavernas,
então eles precisam procurar mais", explica Pedro Pereira Rizzato,
integrante da equipe de pesquisa.
Como
outros animais que habitam locais escuros, o Ituglanis boticario apresenta visão menos desenvolvida, mas outros
sentidos - como olfato e tato - bastante aguçados. Carnívoro, alimenta-se de
invertebrados como larvas e besouros. "Ele possui papel biológico muito
importante na caverna por ser um predador de topo de cadeia", afirma a
pesquisadora Maria Elina Bichuette.
Todavia,
o estudo realizado pelos cientistas brasileiros mostra que o peixe
recém-identificado já sofre risco de extinção. Além da espécie ser endêmica, a
Gruta da Tarimba fica localizada numa região onde tem havido expansão do uso de
terras para pastagens. Com isso, o solo diminui sua capacidade de drenar água
para dentro da caverna, reduzindo a quantidade de alimento em seu interior.
De
acordo com Elina, a urina do gado também aumenta a concentração de ureia e
amônia na água, o que pode chegar até a matar os peixes. "Nas grutas onde
foi encontrada a nova espécie, ela reina soberana. Não existem outros tipos de
peixes ali, por isso se o Ituglanis não for conservado, todo o ecossistema
estará em risco e poderá será perdido", alerta.
Os
pesquisadores já enviaram solicitação ao Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela gestão das unidades de conservação
federais, propondo a criação de Unidade de Conservação de Proteção Integral
para proteger o local.
O
Ituglanis recebeu a denominação boticario em homenagem à Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza, instituição que financiou o projeto desta
pesquisa e diversos outros estudos, responsáveis por identificar novas espécies
da fauna e flora brasileiras.
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