Três espécies de peixes
acabam de ser descobertas em pesquisa desenvolvida por meio do Programa de
Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca da Universidade Federal do Pará
(PPGEAP/UFPA). São elas: Tometes ancylorhynchus, Tometes
kranponhah eMyloplus zorroi. As
espécies são provenientes de três bacias hidrográficas da margem esquerda do
Rio Amazonas e conhecidas popularmente no Brasil como “pacus-curupeté”,
“pacus-borracha” ou “pacus-de-corredeira”.
Os estudos iniciaram-se em 2013
e fazem parte da tese, em andamento, do aluno Marcelo Andrade, intitulada
provisoriamente como “Diversidade e conservação dos peixes reofílicos da
família Serrasalmidae (Teleostei: Ostariophysi: Characiformes)”,
sob orientação do professor Tommaso Giarrizzo (PPGEAP/UFPa) e coorientação do
professor Michel Jégu, do Museu Nacional de História Natural da França.
Biodiversidade - Para Marcelo Andrade, a principal importância dessas
descobertas é o conhecimento da biodiversidade e, neste caso, de uma
biodiversidade ameaçada por ações antrópicas, pois trata-se de espécies
que habitam exclusivamente cachoeiras e corredeiras dos rios amazônicos,
ambientes seriamente danificados pelas construções de barragens para a geração
de energia elétrica.
Tometes ancylorhynchus
Encontrado nas bacias dos rios Xingu e Tocantins-Araguaia, nos
Estados do Pará e Mato Grosso. É reconhecido por apresentar uma ligeira
concavidade no perfil lateral da cabeça; nas demais espécies, este perfil é
retilíneo. A espécie tem o focinho arredondado e curvado e o tamanho do peixe
pode chegar aos 30 cm.
Tometes kranponhah
Localizado na bacia do rio Xingu, nos Estados do
Pará e Mato Grosso. É identificado, principalmente,entre as demais espécies,
por ter uma mancha preta em formato de lágrima sobre o opérculo (região óssea
localizada ao lado da cabeça). A espécie possui um focinho afilado. Tometes kranponhahalcança
mais de 40 cm.
Myloplus zorroi
Presente na bacia do rio Madeira, no Estado do
Amazonas. É diferenciado, entre as espécies, principalmente por ter espinhos
delgados na parte abdominal do corpo não formando uma quilha ventral. O tamanho
corporal deMyloplus zorroi pode ultrapassar 47,5 cm.
Alerta - O doutorando explica que as populações de Tometes ancylorhynchus e Tometes kranponhah têm futuro incerto em parte da bacia
do rio Xingu por causa da recém-terminada Usina Hidroelétrica (UHE) de Belo
Monte, e que Myloplus zorroi já vem sofrendo com a perda de hábitat
na bacia do rio Madeira em razão da UHE de Dardanelos, no rio Aripuanã.
Com os estudos da pesquisa, ele ressalta que “podemos afirmar, de maneira mais
acurada, quais as necessidades dessa diversidade, quais as situações
enfrentadas por ela e assim podermos traçar estratégias para a conservação.”
No entanto o estabelecimento de Unidades de Conservação tem colaborado com a preservação dessa biodiversidade, pois as duas espécies de Tometes ocorrem na Estação Ecológica Terra do Meio, no rio Xingu, no Pará; e a Myloplus zorroi ocorre no Parque Nacional dos Campos Amazônicos, no rio Roosevelt, Estado do Amazonas.
Publicação - Tometes ancylorhynchus e Tometes kranponhah foram descritas em artigo na revista Journal of Fish Biology
Texto: Rafael Rocha – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Marcelo Andrade, Alany Gonçalves e Mark Sabaj
Fonte: https://portal.ufpa.br
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