sexta-feira, 29 de abril de 2016

Software ajuda a aperfeiçoar gestão econômica da piscicultura comercial

A criação de peixes de água doce é um dos agronegócios mais promissores do Brasil, em especial na região amazônica, onde a disponibilidade hídrica e o clima favorecem o desenvolvimento da atividade. Neste contexto, a sustentabilidade econômica dos empreendimentos depende de projetos bem elaborados, capazes de prever as estratégias de produção mais adequadas para os investidores. Com o propósito de aperfeiçoar o planejamento e a gestão econômica de empreendimentos de piscicultura comercial, integrantes do Laboratório de Piscicultura (LAPIS) da Faculdade de Engenharia de Pesca (FEPESCA), da Universidade Federal do Pará (UFPA) Campus Bragança, desenvolveram o SEAPIS. Você conhecerá um pouco mais sobre esta importante ferramenta nesta quinta reportagem do UFPA em Série de Abril - Aplicativos e Softwares.




SEAPIS é a abreviação da frase, Software para Elaboração de Projetos de Piscicultura. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 14 de janeiro de 2016, durante um evento organizado pelo Centro Acadêmico do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Após o seu lançamento, somente nos cinco primeiros dias foram registrados mais de 500 downloads. No momento, entre pessoas físicas e pequenas empresas, aproximadamente 1.580 usuários brasileiros e estrangeiros já utilizam o SEAPIS. O software é gratuito e não é necessário estar conectado à internet para utilizá-lo.

Suporte técnico - O software tem como principal objetivo, dar suporte aos técnicos e piscicultores no processo de planejamento do investimento, assim como auxiliar a gestão econômica de empreendimentos de piscicultura comercial, como é o caso dos integrantes da Assessoria, Consultoria e Eventos em Engenharia de Pesca Jr. (ACEEP), da UFRA. O estudante de Engenharia de Pesca e assessor da Diretoria de Administração Financeira da empresa Jr, Jeanderson Viana falou sobre os benefícios do software. “O SEAPIS é importante na etapa de elaboração de projetos, uma vez que somos de uma empresa Jr e ainda temos um pouco de dificuldades na projeção de indicadores econômicos, bem como na discriminação dos itens de um custo de implantação e custo de produção”, afirmou.



Suporte acadêmico - O estudante evidenciou, também, a importância do SEAPIS enquanto uma ferramenta para suporte acadêmico. “Particularmente, como estou estudando Economia Pesqueira, neste semestre, percebo a importância desses indicadores para a tomada de decisão em relação ao investimento. Além de integrar todos eles em uma planilha, o SEAPIS preenche os dados automaticamente, de acordo com os valores que inserimos no orçamento”, ressaltou.


Projeto de extensão – Produto de um projeto de extensão, intitulado Legalização e profissionalização da piscicultura no Estado do Pará, coordenado pelo professor doutor Marcos Ferreira Brado e desenvolvido com o apoio da Pró-reitoria de Extensão (Proex) da UFPA, o SEAPIS surgiu a partir da necessidade de aperfeiçoar o planejamento e a gestão econômica de empreendimentos de piscicultura comercial assistidos pelo projeto.


“Inicialmente, utilizávamos planilhas do Microsoft Excel para executar as análises de viabilidade econômica e rentabilidade, até que a equipe do Laboratório de Piscicultura (LAPIS) ganhou um integrante especialista na área de informática, Luan Pinto Rabelo, que viabilizou o desenvolvimento do programa”, afirmou Marcos Brabo.


TCC – Ao entrar no projeto, Luan Rabelo, que hoje é graduado em ciências naturais, foi apresentado às planilhas. “Procurei o professor Marcos Brabo para me orientar no TCC, então ele me apresentou as planilhas que continham informações sobre piscicultura, como endereço, modalidade da criação praticada pelo empreendimento, lista de compras, lista de funcionários, além dos indicadores econômicos. Então, ele me perguntou se eu conseguia compactar todas aquelas informações em um software, acredito que este foi o momento em que surgiu a ideia do SEAPIS”, revelou. 
O processo de desenvolvimento do software resultou no trabalho de conclusão de curso do Luan, defendido em julho de 2015, que tem como título Software para Elaboração e Avaliação de Projetos de Piscicultura: Uma Ferramenta para Auxiliar na Profissionalização da Atividade. A monografia gerou um artigo científico publicado na Revista Informações Econômicas do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo.


Linguagem Web – Para criar umsoftware é necessário que o programador escolha um tipo de linguagem a ser utilizada. Elas funcionam como instruções para que o computador execute as tarefas programadas. Seguindo este comando, o SEAPIS foi desenvolvido na linguagem PHP que funciona em qualquer sistema operacional, e em todos navegadores, como o Firefox, Chrome, ou Explore.  O SEAPIS também está disponível para Android e IOS, no entanto, para manusear o software por meio de dispositivos móveis, como smartphones ou tablets é preciso que o usuário instale o Seapis em um computador conectado na mesma rede que o aparelho.

Pouco tempo após o lançamento oficial, o software tem recebido avaliações muito positivas dos usuários e profissionais da piscicultura. “Certo dia um senhor me ligou para me parabenizar pelo software, ele passou quase 20 minutos agradecendo, não sei descrever a reação de ter um trabalho desse porte reconhecido”, contou Luan. Para o futuro próximo, o Naturalista e programador pretende lançar o SEAPIS como aplicativo. “Estou trabalhando na versão Android, já tenho uma versão que posso chamar de beta”, concluiu.
Texto: Edielson Shinohara – Assessoria de Comunicação da UFPA.
Fotos: Adolfo Lemos e Divulgação / Projeto


sexta-feira, 22 de abril de 2016

Pesquisadores da UFPA descobrem três novas espécies de peixe

Três espécies de peixes acabam de ser descobertas em pesquisa desenvolvida por meio do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca da Universidade Federal do Pará (PPGEAP/UFPA). São elas: Tometes ancylorhynchus, Tometes kranponhah eMyloplus zorroi. As espécies são provenientes de três bacias hidrográficas da margem esquerda do Rio Amazonas e conhecidas popularmente no Brasil como “pacus-curupeté”, “pacus-borracha” ou “pacus-de-corredeira”.
Os estudos iniciaram-se em 2013 e fazem parte da tese, em andamento, do aluno Marcelo Andrade, intitulada provisoriamente como “Diversidade e conservação dos peixes reofílicos da família Serrasalmidae (Teleostei: Ostariophysi: Characiformes)”, sob orientação do professor Tommaso Giarrizzo (PPGEAP/UFPa) e coorientação do professor Michel Jégu, do Museu Nacional de História Natural da França.

Biodiversidade - Para Marcelo Andrade, a principal importância dessas descobertas é o conhecimento da biodiversidade e, neste caso, de uma biodiversidade ameaçada por ações antrópicas, pois trata-se de espécies que habitam exclusivamente cachoeiras e corredeiras dos rios amazônicos, ambientes seriamente danificados pelas construções de barragens para a geração de energia elétrica.

Tometes ancylorhynchus



 Encontrado nas bacias dos rios Xingu e Tocantins-Araguaia, nos Estados do Pará e Mato Grosso. É reconhecido por apresentar uma ligeira concavidade no perfil lateral da cabeça; nas demais espécies, este perfil é retilíneo. A espécie tem o focinho arredondado e curvado e o tamanho do peixe pode chegar aos 30 cm.


Tometes kranponhah


 Localizado na bacia do rio Xingu, nos Estados do Pará e Mato Grosso. É identificado, principalmente,entre as demais espécies, por ter uma mancha preta em formato de lágrima sobre o opérculo (região óssea localizada ao lado da cabeça). A espécie possui um focinho afilado. Tometes kranponhahalcança mais de 40 cm. 


Myloplus zorroi 


  Presente na bacia do rio Madeira, no Estado do Amazonas. É diferenciado, entre as espécies, principalmente por ter espinhos delgados na parte abdominal do corpo não formando uma quilha ventral. O tamanho corporal deMyloplus zorroi pode ultrapassar 47,5 cm.

Alerta - O doutorando explica que as populações de Tometes ancylorhynchus e Tometes kranponhah têm futuro incerto em parte da bacia do rio Xingu por causa da recém-terminada Usina Hidroelétrica (UHE) de Belo Monte, e que Myloplus zorroi já vem sofrendo com a perda de hábitat na bacia do rio Madeira em razão da UHE de Dardanelos, no rio Aripuanã. Com os estudos da pesquisa, ele ressalta que “podemos afirmar, de maneira mais acurada, quais as necessidades dessa diversidade, quais as situações enfrentadas por ela e assim podermos traçar estratégias para a conservação.” 

No entanto o estabelecimento de Unidades de Conservação tem colaborado com a preservação dessa biodiversidade, pois as duas espécies de Tometes ocorrem na Estação Ecológica Terra do Meio, no rio Xingu, no Pará; e a  Myloplus zorroi ocorre no Parque Nacional dos Campos Amazônicos, no rio Roosevelt, Estado do Amazonas.
Publicação - Tometes ancylorhynchus e Tometes kranponhah foram descritas em artigo na revista Journal of Fish Biology 

Texto: Rafael Rocha – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Marcelo Andrade, Alany Gonçalves e Mark Sabaj

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Lagosta brasileira sofre com aumento de rejeições de autoridade sanitária dos EUA






O anúncio de que a fiscalização de pescado seria mais intensa em 2016 já havia sido antecipado no ano passado, mas os brasileiros não esperavam tamanho rigor do Food and Drug Administration (FDA), a Anvisa norte-americana.

Só em março deste ano, o FDA recusou 208 itens de pescado distintos, um aumento de 36% nas rejeições do mesmo mês do ano passado. E o produto com maior aumento de rechaço foi a lagosta brasileira (conhecida lá como spiny lobster), segundo apurou o portal Seafoodnews.com

Aparentemente, o FDA está rejeitando as lagostas por conta de preocupações com a condição sanitária: o argumento usado é filth (imundície, em uma tradução livre). O total de rejeições superou 100 itens em 2016, ante apenas 1 rechaço no primeiro trimestre de 2015.

De acordo com Paulo Gustavo, diretor-executivo da Qualimar, o problema remonta ao ano passado. “Desde a safra passada, as empresas brasileiras têm sofrido com o aumento da fiscalização do FDA em portos americanos. Essa fiscalização é feita através de um teste sensorial onde depois de detectado um odor acentuado no produto, este não é autorizado”, conta.

Segundo o executivo, os empresários de lagostas e seus clientes estão receosos. “Devido à incerteza desta fiscalização. [como] métodos preventivos a este cenário irão receber um ex-agente do FDA para nos orientar em como ter um produto de melhor qualidade”, indica.
Para Alexandre Reis, da Bomar, que também exporta lagostas brasileiras mas atualmente com foco maior na Ásia, o problema está na tradição da pesca estar focada na cauda. “A lagosta brasileira já chega descabeçada do barco, que passa muitos dias no mar, já com a qualidade baixa.”


Por este motivo, ele alega que a atenção da empresa está voltada à lagosta inteira. “Recebemos a lagosta inteira viva, buscando mais o mercado asiático. A pouca cauda que entra somos muito exigentes e compramos pouco, porque não aceitamos a qualidade do que tem vindo da praia”, relata. “Se não mudar a pesca da lagosta de cauda para a inteira, vai continuar esse problema de rechaço do FDA. Acredito que, em 2016, muita gente vai quebrar a cara nos EUA”, conclui.

Centro de Pesquisas em Aquicultura do Nordeste Paraense será implantado em Bragança


A Universidade Federal do Pará (UFPA) está implantando o Centro de Pesquisa em Aquicultura do Nordeste Paraense (CEANPA), que será o primeiro do Estado. O Centro pertence ao Campus de Bragança e está atrelado aos cursos de graduação e de pós-graduação, por meio de pesquisas e também de associações de piscicultores da região. O projeto de construção do CEANPA foi submetido aos órgãos de financiamento e, recentemente, protocolado para o pedido de licenciamento ambiental à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bragança.
Importância – O CEANPA está diretamente vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Aquicultura e Pesca (PPGAQUAPEC), o qual se encontra em processo de submissão à Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes). "As pesquisas poderão ser desenvolvidas em parcerias com outros programas, como o PPBA e o PPGCAM, já que alguns docentes do CEANPA estão vinculados a esses programas de pós-graduação”, ressalta a coordenadora do Centro, professora Zélia Pimentel.
A coordenadora ressalta, ainda, que o curso de Engenharia de Pesca de Bragança será beneficiado diretamente pela criação do CEANPA, em razão da sua área de atuação. Outros cursos também terão benefícios, como Ciências Biológicas, Ciências Naturais e Pedagogia, que poderão utilizar a infraestrutura para pesquisa.
Financiamento – A construção do Centro de Pesquisa está contemplada pelo Fundo de Infraestrutura - o CT-INFRA (2010/2011) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), com o Projeto 3053 FINEP/UFPA/FADESP/CT INFRA 2010/2011), o qual receberá o valor de R$ 1.244.780,00. Receberá, também, recursos  do setor do agronegócio (CT-AGRO), projeto 2866 (FINEP/UFPA/FADESP – CT/AGRO) para estruturação e operacionalização do CEANPA, no valor de R$ 820.300,00.
Parcerias – A extensão de docentes da Faculdade de Pesca (FEPESCA) e do Instituto de Estudo Costeiros (IECOS) é feita em parceria com a Secretaria Municipal de Economia e Pesca de Bragança. Também há associações com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, (SEBRAE-Capanema), a Associação de Usuários da Reserva Extrativista do Caeté-Taperaçu (ASSUREMACATA), a Associação de Agricultores e Aquicultores de Nova Olinda (AGROMAR), entre outras parcerias. Segundo a coordenadora, ’’o Pará, por ser um Estado com dimensão continental e estar dentro da Amazônia Continental e Azul, necessita trabalhar o conceito de sustentabilidade. Esse é o nosso desafio: trabalhar para o desenvolvimento sustentável da aquicultura na Região Amazônica’’.
O Empreendimento - A área total do projeto de construção do CEANPA está prevista em 3,64 hectares, pouco mais de 36.000 metros quadrados, contendo um prédio, oito laboratórios para pesquisa e uma biblioteca. Os laboratórios serão de Tecnologia do Pescado, Qualidade de Água, Nutrição de Peixes e Camarões, Sanidade de Organismos Aquáticos, Reprodução de Peixes Amazônicos, Melhoramento Genético, Carcinocultura e Piscicultura Ornamental.
O projeto inclui, ainda, a construção de doze viveiros de 450 metros quadrados cada um, num total de 5.400 metros quadrados. Dois viveiros serão de decantação para o controle da acidez da água e um reservatório de abastecimento de 1.200 metros quadrados. A decantação receberá água drenada dos viveiros do laboratório.  A água poderá ser reaproveitada, bombeada para o reservatório e novamente utilizada nos viveiros, diminuindo o impacto ambiental.
O pedido de Dispensa de Licenciamento Ambiental – O pedido fundamenta-se no artigo 7°, da Resolução 413, de 26 de junho de 2009, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA-MMA), responsável pelo Licenciamento Ambiental da Aquicultura. Segundo Zélia Pimentel, “os projetos executivos de infraestrutura para o Centro de Pesquisas em Aquicultura do Nordeste Paraense já foram elaborados. Foi feito o pedido de dispensa do licenciamento ambiental à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bragança”, disse.


Texto: Fábio Xavier – Assessoria de Comunicação da UFPA