sábado, 20 de abril de 2013

Alergia ao camarão x alergia ao metabissulfito de sódio

Fonte: Fábio R. Sussel, sussel@apta.sp.gov.br, Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, www.apta.sp.gov.br, abril 2013 

AS PESSOAS que manifestam alergia ao camarão são também alérgicas a todos os crustáceos (lagosta, caranguejo, siri...). Esses animais invertebrados possuem uma proteína chamada “tropomiosina”, à qual pessoas sensíveis a essa proteína desenvolvem processos alergênicos.

Ocorre que muitos apresentam sintomas de alergia ao comer camarão e logo concluem que são alérgicas ao crustáceo. Diante dessa precipitada e, por vezes, falsa conclusão, nunca mais comem camarão.

É preciso esclarecer que há dois tipos de alergia relacionada ao camarão: alergia à proteína do crustáceo (esta sim é a verdadeira alergia ao camarão) e alergia ao “metabissulfito de sódio”. Este produto, de uso autorizado por órgãos internacionais e largamente empregado na indústria de alimentos (em especial nos produtos de panificadoras), é um conservante. No camarão, é utilizado para evitar a melanose, que nada mais é do que o escurecimento da carapaça, aumentando assim a vida de prateleira do camarão. Inclusive, em camarões exportados para o mercado europeu, o uso de metabissulfito é obrigatório.

Porém, em determinadas situações, o uso de tal produto é exagerado, em especial em barcos de pesca extrativa, onde não há controle das dosagens do produto e muito menos da forma correta de aplicar. A consequência disso é o excesso de metabissulfito no camarão que chega ao consumidor final. No camarão cultivado, as possibilidades de excesso são menores, já que a quantidade de camarão que está sendo abatida é conhecida, a dose do produto a ser utilizado é previamente pesada e o tempo de contato/exposição ao produto é controlado.

Pessoas alérgicas ao metabissulfito nem sempre apresentam sintomas de alergia ao comer camarão (ou qualquer outro crustáceo), já que, neste caso, o desenvolvimento dos processos depende da quantidade ingerida e também do quanto há de excesso no produto. Quanto mais se come, maiores são as chances de aparecimento dos sintomas. A notícia boa é que, nestes casos, raramente há o fechamento da glote.

Por outro lado, para pessoas alérgicas à proteína dos crustáceos basta a ingestão de um pedaço mínimo de camarão (ou lagosta, siri, caranguejo...) para que ocorra o processo fisiológico que desencadeia os sintomas de alergia, sendo que em muitos casos faz-se necessário o encaminhamento ao pronto socorro, já que são maiores as chances de fechamento da glote.

Portanto, fica o recado. Existem dois tipos de alergias relacionadas ao consumo de camarão: pessoas alérgicas à proteína dos crustáceos e pessoas alérgicas ao conservante “metabissulfito de sódio”. Para aqueles que estão em dúvida sobre qual tipo de alergia possuem, a melhor forma de saber é através da realização de exames, que são relativamente simples.

Pra quem gosta de camarão e tem alergia ao metabissulfito, a solução é esta: dê preferência ao camarão cultivado, retire a casca e lave-o. Dificilmente restará algum resíduo desse conservante.

Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com 

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