sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Apta desenvolve caviar de truta

Apta de Campos do Jordão realiza estudos para obtenção de caviar de truta, que pode beneficiar pequenos produtores da região

Considerado uma iguaria gastronômica, o caviar é obtido das ovas do peixe esturjão e tem elevado valor de mercado. O peixe corre risco de extinção, o que poderá diminuir a oferta e aumentar ainda mais o preço do produto que já é caro. Estudos em todo o mundo buscam espécies alternativas para substituir o esturjão. E um deles é a truta arco-íris, pesquisada pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), de Campos do Jordão, única instituição brasileira especializada nesse peixe.

O caviar de truta é composto de 6% a 8% de lipídios totais, proteína bruta de 24% a 27% e teor calórico de cerca de 180 calorias a cada 100 gramas de ovas. Atrativo para o consumidor é o preço. Enquanto 100g do caviar importado variam de R$ 480 a R$ 15 mil, a embalagem de 40g do similar de truta alcança R$ 20. “O caviar de esturjão tem ovas pequenas, com sabor intenso, salgado e odor marinho e o de truta mostra ovas maiores e sabor e odor delicados”, afirma Thaís Moron Machado, pesquisadora da Apta.

A pesquisadora realizou estudo de mercado em restaurantes de Campos do Jordão e os estabelecimentos demonstraram interesse em utilizar o novo caviar. “Alguns usam essa ova oriunda de alguns produtores artesanais. Pretendemos oferecer a tecnologia até o final deste ano”, afirma Thaís. A principal utilização nos restaurantes é na decoração de alguns pratos e também para a produção de sushis e temakis.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior indicam que o caviar e sucedâneos importados no Brasil são consumidos basicamente em São Paulo e Rio de Janeiro. Números do Ministério registram que em 2001 foram importados 457 quilos de caviar e seus parentes pelo Brasil; já em 2010, o número saltou para 6.931 quilos, ou seja, um aumento de 758%.

Até abril de 2011, foram importados 864 kg de caviar e similares, sendo 166 kg por São Paulo e 698 kg pelo Rio. “Com a expansão de restaurantes japoneses, ampliou-se o mercado para além dos limites de municípios que integram as estâncias balneárias serranas do Brasil, locais onde são produzidas as trutas”, explica a pesquisadora.

A criação de truta no Brasil é um empreendimento pequeno e familiar, pois os recursos hídricos favoráveis são pouco volumosos, resultando em unidades com baixa escala de produção. A alternativa é a diversificação de produtos com valor agregado, como o caviar, que pode gerar uma complementação da renda do produtor.

A truta é da família dos salmonídeos, como seu primo famoso, o salmão, e é natural dos rios da costa pacífica da América do Norte. As trutas da Apta de Campos do Jordão, com peso médio de 800 gramas, apresentam filé com 1% a 2% de lipídios totais, proteína bruta de 18% a 22%, e teor calórico ao redor de 125 calorias para 100g de filé.


Diário Oficial do Estado de São Paulo, 15 de agosto de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário