Leia abaixo a materia sobre aa negociações entre os professores federais e o governo.
Fonte: ANDES-SN
Em uma atitude de total desrespeito com as
reivindicações dos professores federais, em greve há 77 dias, o governo federal
disse na reunião desta quarta-feira (01/08) que irá assinar acordo com o
Proifes.
A afirmativa foi feita após o ANDES-SN, Sinasefe e
Condsef apresentarem as respostas das assembleias de base, que rejeitaram, mais
uma vez, o proposto pelo Executivo. Para os docentes, a alteração pontual
colocada na mesa, na última semana (24/7), não modificou a essência da proposta
do governo, o que foi reconhecido pelos próprios representantes do Ministério
do Planejamento. Desta forma, continua ignorando pauta da greve nas
Instituições Federais de Ensino: reestruturação da carreira docente e
valorização e melhoria nas condições de trabalho docente nas IFE. Confira
aqui o documento apresentado pelo ANDES-SN.
“Todas
as assembleias votaram pela rejeição da proposta. No entanto, governo opta por
assinar acordo com uma entidade que é sua parceira, e que não tem
representatividade junto à categoria. Nós vamos continuar firmes na greve e são
as assembleias de base que determinarão os rumos do movimento”, afirmou
Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN.
Marinalva apontou ainda que a categoria
tem disposição para negociar, mas que o governo não dialoga com a lógica da
proposta apresentada pelo ANDES-SN e pelo Sinasefe. “O Executivo permanece
surdo às nossas reivindicações, numa atitude de total desrespeito com os professores”,
denunciou.
Na mesa, o ANDES-SN foi enfático em afirmar que o
governo tomou uma decisão que aparentemente já estava acordada na semana
passada e introduziu um novo método no trato com os servidores públicos
federais.
“Isso
é uma escolha política, que ignora as decisões legítimas de assembléia e nega o
processo democrático de negociação. Promove um processo até chegar ao impasse e
aí chama seus parceiros para assinar acordos unilaterais. Essa Secretaria de
Relações do Trabalho inova, mas para menos, ao desconsiderar as decisões da
categoria em greve e das entidades que dirigem o movimento”, disse Marina
Barbosa, 2 ª secretária do ANDES-SN, no fechamento da reunião.
O Sindicato Nacional ressaltou, novamente, que não
iria assinar um acordo que pode retirar direitos dos docentes e que, ao invés
de valorizar, aprofunda e consolida a desestruturação da carreira, que já se
encontra emperrada.
Durante a reunião, o Secretário de Relações do
Trabalho, Sérgio Mendonça, comunicou que, por determinações superiores, a
negociação com os técnicos-administartivos teria início na próxima semana, com
Fasubra e Sinasefe.
VÍGILA
Enquanto a reunião ocorria, representantes dos
Comandos Nacionais de Greve do ANDES-SN, dos Estudantes e do Sinasefe se
concentraram em frente ao prédio do Ministério do Planejamento. Atividades de
vigília foram realizadas pelos Comandos Locais de várias instituições federais
de ensino, por todo do país.
HISTÓRICO
Em greve desde 17 de maio, os professores das
Instituições Federais de Ensino reivindicam a reestruturação da carreira
docente, processo acordado em agosto do ano passado com o governo e não
cumprido, e a valorização e melhoria nas condições de trabalho docente nas IFE.
Após 57 dias de paralisação, o governo apresenta uma
proposta de reajuste na tabela salarial, que promove, ao final dos três anos
previstos de parcelamento, a corrosão no poder de compra de grande parte da
categoria. Os 45% tão alardeados pelo governo, contemplariam apenas pequena
parcela dos docentes, uma vez que seriam concedidos apenas aos titulares,
doutores, em regime de dedicação exclusiva. Este percentual também é falacioso,
pois considerando a inflação estimada no período 2010-2015, representam menos
de 10% de recomposição salarial para este segmento.
Além disso, entre outros pontos, o governo
estabelecia novos parâmetros para progressão na carreira que desrespeitavam a
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e feriam a autonomia universitária prevista na
Constituição. Essa proposta foi rejeitada por unanimidade pelos docentes.
Em 24 de julho, foi apresentada uma reformulação,
remetendo a grupos de trabalho diversos pontos estruturais da carreira, que
provocaram tensionamentos na negociação, como o reequadramento dos aposentados,
os critérios para avaliação institucional e promoção entre classes.
Nesta proposta, ficou evidente que os representantes
do executivo mais uma vez desconsideraram os argumentos do ANDES-SN e
apresentaram parâmetros que consolidam a desestruturação e o caráter
produtivista da atual carreira dos professores federais.
Além disso, não respondem em nenhum momento como
pretendem atender ao segundo ponto prioritário da pauta da greve: melhoria nas
condições de trabalho e estudo. Jogam também essa questão para ser discutida
num GT, que será formado após a assinatura do acordo. Essa proposta foi
novamente rejeitada por todas as assembleias.
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